20.3.13

é minha

Qual razão morar num quase conjugado num quase subúrbio se não for para ser a dona dessa canção.


31.10.12

A dor e a Felícia de ter um gatinho

Neste exato momento, estou ganhando uma massagem na barriga. Agora nos braços. Agora cafuné. Tá difícil escrever. É uma gatinha que conheci por aí. Não, ainda não me tornei gay. Não consegui evoluir a esse ponto. A gatinha é uma vira-lata preta que minha irmã ganhou há uns 3 ou 4 anos, mais conhecida como Bacana.
O nome foi um chiste inspirado na velha série Armação Ilimitada. Sim, aquela do Juba e do Lula, quando Zelda Scoth, a Suelen dos anos 80, ~morava~ com dois surfistas. Não me lembro bem como, mas os três "tinham" um menino, o Bacana. Minha irmã morava com dois amigos da faculdade. Quando soube que ganharia uma gata, não pensou duas vezes na hora de escolher o nome.
A Bacana é um doce. Não destrói muito a casa (só o sofá.. ninguém é perfeito), não machuca as pessoas, é sociável, carinhosa, se adapta bem aos lugares, não se mata (já morou em três apartamentos sem tela nas janelas e nunca tentou! ou se mata e ainda tem umas vidas pra gastar) e ainda é preta, o que a torna um objeto de design ambulante e miante.
Pois bem. Minha irmã foi curtir as férias na Bahia e resolveu deixar Bacana com alguém. Como as outras duas irmãs estavam doidas para adotar bichanos, logo nos despusemos a receber Bacana por uns dias. Seria um test-drive, ou melhor, um test-cat.

Mas antes de contar como a experiência está sendo, vou fazer um breve retrospecto da minha velha vontade de ter um gatinho.
Na verdade, sempre curti mais cachorros. Sou apaixonada por eles. Têm o melhor cheiro do mundo quando filhotes, gostam de brincar e são companheiros. OK, quem não sabe disso? O que curto nos cachorros é que estão sempre no clima. Se você está feliz, cheio de energia, eles pulam e correm e rolam com você. Se você está triste e quer chorar, eles encostam a cabeça e ficam ao seu lado, quietinhos. Há quem diga que cães são submissos por isso. Bobagem, eles são é super sensíveis. E não esquentam com quase nada. (Não estamos falando de raças bizarras geneticamente modificadas, claro).
Só que nasci e cresci aqui:


E os dois cachorros que tivemos nesse delicioso quintal corriam, pulavam, jogavam futebol, caçavam passarinhos, uivavam, pegavam chuva, pegavam sol, eram felizes. E todos os cachorros de apartamento que conheci eram meio neuróticos. Mesmo que de leve. Não tinham a paz dos nossos cachorros, nem de longe. Acredito que cachorros precisam gastar energia, correr, correr. Como eles gostam de correr. Por tudo isso, sempre tive pena de cachorro em apartamento. Quando o apartamento é um quarto-e-sala, então... tortura. E nem adianta vir com essa de "levar pra passear" ou "ter cachorro pequeno". Enfim, a foto acima explica porque nunca vou entender e aceitar isso.

Gatos, não. Gatos dormem horas e horas por dia. Não têm tanta energia para gastar. Não ligam tanto para correr e brincar. Gatos são blasé. Gatos se divertem com pouco espaço, só de subir e descer e entrar e sair de coisas. Além disso, não precisam de banho, fazem necessidades em uma caixinha e, claro, são uma companhia incrível.

Baca y yo

Com a Bacana aqui, descobri que gatos são um programa de TV à parte. Cachorros são incríveis para interagir, gatos são uma delícia de assistir. São lânguidos, sexy, esbeltos. Cada movimento é uma exibição. O rabo deles te despreza. O olhar deles te despreza. E o pior é que você vai gostar disso. Cada espreguiçada é um flerte. Gatos são pin-ups. E eles te massageiam, por algum motivo que ninguém nunca vai saber, eles massageiam sua barriga. E ao mesmo tempo que são blasé, são tão dramáticos. O próprio miado é uma manifestação sonora dramática do âmago do gato. Que também deve ser de onde sai aquele barulho de motor que eles fazem ao rrrronronar. 
E o design? O gato deve ser o bicho mais bem desenhado do mundo. Qualquer gato vira-lata de rua cheio de vermes é bonito. Gatos são a coisa mais fotogênica da natureza. Isso explica os milhões de fotos de gatos na sua timeline do Facebook todo ano. 

Há meses, portanto, venho querendo um miau para chamar de meu. Ou de minha. Até porque, dizem que os gatos machos marcam território fazendo xixi pela casa inteira, são mais agressivos, destroem mais móveis, plantas, etc. Gatas entram no cio e ficam chatas como nós, mulheres. Querendo chamar a atenção, temperamentais. Mas podem ser castradas. OK, gatos, também. Então procurei alguém que tivesse uma gatinha cinza, a cor de pelagem que acho mais bonita, para eu adotar. Não é malhada ou amarronzada, é cinza, prateada. Mas não encontrei. Várias pessoas me sugeriram ir a uma das muitas feirinhas de adoção de bichos pela cidade. E fiz isso. Fui duas vezes ao Largo do Machado, mas nos dias não havia a famosa feirinha. Vi uma na Praça General Osório, em Ipanema, mas os bichinhos eram malhados, não curti. Aqui no Largo da Segunda-Feira vi uma linda, cinza de olhos azuis, mas não estava castrada, vacinada, nem nada. Sarna para me coçar, literalmente. 
Então um dia falei com a amiga Natalia, que mora perto do Largo do Machado, ela confirmou que a feira estava lá e lá fui eu, com uma bolsa própria que tenho, desde que me mudei, em punho, além de toda a documentação necessária que minha amiga, como boa jornalista, já havia apurado para mim (aliás, a quem interessar possa, é RG, CPF e um comprovante de residência em seu nome – de preferência do mês, porque cariocas sempre dão um jeitinho de complicar as coisas #prontofalei).

Cheguei lá e logo vi uma fêmea, cinza, linda, exatamente como queria. Só estava super arredia, arisca, batendo nos outros bichinhos que se aproximassem. Achei que ela seria a Amy perfeita. Sim, porque eu havia decidido que meu gato se chamaria Amy. Um dos coordenadores das adoções me disse que ela não havia sido escolhida, me entregou uma prancheta com um cadastro e uma caneta para preenchê-lo. 
As várias páginas traziam perguntas sobre minha profissão, meu salário (ok, era para saber se poderia pagar ração, remédios e outros recursos), minha casa, o que eu faria se o bichinho não se adaptasse, essas coisas. Lá pelas tantas, a pergunta-problema: as janelas são teladas? Como aprendi que a mentira tem patas curtas, marquei "não", já desconfiando que teria problemas por isso. Fiquei em uma fila de uma meia dúzia de pessoas, e quando chegou a minha vez, uma coroa simpática foi folheando meu cadastro. De repente parou e disse "você sabe que tem que telar as janelas, né?" "mas minha irmã tem uma gata que morou em três apartamentos e nunca pulou" "tem que telar. aqui a gente exige". "Ah... então não" "Então não". E assim fui embora com minha sacolinha sem gato nem miado nem carinho.

Explico. Minha casa é um ovo. Para uma pessoa, está ótimo, mas é bem pequena. E como já contei por aqui, não tem vista. As duas janelas são voltadas para os prismas de ventilação do prédio. Sempre achei que essas telas dão impressão de gaiola, reduzir ainda mais a sensação de liberdade. Então havia decidido nunca telar.

Quando Bacana chegou aqui, eu já havia fechado todas as janelas, basculantes, etc, mas uma das primeiras coisas que ela fez reconhecendo o território foi subir até as janelas e olhar lá pra fora. Ficou claro que seria um perigo estar com os vidros abertos. 

Como estou bastante interessada em ter um bichinho, agora com a Bacana aqui, ainda mais, mas não quero emagrecer em uma sauna particular, acho que vou ter que capitular e telar essa joça casa. 

Já percebi que ser recebida com miados e um bichinho correndo pra se embolar nas suas pernas vale a pena. E a pré-disposição levemente selvagem deles para a batalha também é enternecedora. 

Assim que puder, telarei minha casa e adotarei minha própria pequena felina. Que não vai se chamar Amy porque agora tenho uma, ó:


Para terminar, um vídeo do excelente George Carling (para quem não conhece, procure o stand-up dele sobre aborto, provavelmente o melhor stand-up de todos os tempos) sobre gatos. Simplesmente perfeito. Se você gosta de gatos vai rir muito. Se não gosta, talvez se interesse depois desse vídeo.

25.8.12

A mídia descobre as UDUs

(Meninos, não saiam do blog por isso, obrigada)

Um dia desses, uma amiga veio me perguntar se eu daria entrevista à Veja. A pauta era sobre jovens que optaram por morar sozinhos, uma tendência forte no mundo e, cada vez mais, no Brasil também.
O nome "Veja", apesar de ter sido a primeira palavra que li na vida, hoje me causa arrepios. Mas pensei "não é uma matéria sobre política ou algo polêmico... além disso eu poderia divulgar o blog".
Topei, a repórter deu uma passada aqui no blog e adorou, disse que eu tinha o perfil ideal para a matéria e me encheu de perguntas. Aí sumiu e depois de um tempo disse que eles preferem não entrevistar jornalistas.
Não sei se foi bem isso ou porque botei peso na questão financeira, dizendo que está tudo muito caro, que a maioria das pessoas nessa faixa de idade e morando sozinhas é dura, etc, e o público leitor/fonte da Veja está mais pra uma galera que paga um ap grande em Botafogo numa boa. Ou ganha mesada uma ajuda de custo dos pais.

De qualquer maneira, ultimamente comecei a reparar que as UDUs têm sido pauta de diversas publicações. Cheguei a comprar uma revista "Lola" para ler a matéria (não achei online) anunciada na capa sobre o tema. Bacaninha, botava peso no lado feminino da tendência, entrevistando mulheres de várias idades.

Depois saiu uma na TPM (Trip para mulheres), na revista Galileu e, recentemente, na Globo News. Fora todas as outras que devem estar por aí e não li.

Somos a ordem do dia.
É claro que essa tendência não é tão nova, mas nunca foi tão forte.
Resolvi analisar alguns pontos dessa história e como ela é encarada pela mídia.

(pausa para matar uma barata. sim, as grandes sumiram, mas as francesinhas pequenas resistiram ao K-Othrine)

A maioria das matérias fala que morar só já não é sinônimo de solidão. Concordo. Já me senti muito mais só morando em casa cheia. Solidão é estado de espírito. Me sinto muito mais acompanhada vendo um bom filme que escolhi, conversando na internet até altas horas, ouvindo música alta durante a faxina do que numa casa com várias pessoas brigadas ou que mal se encontram devido a horários diferentes, por exemplo. (Não que minha família fosse sempre assim, ok? Antes que alguém reclame :P)


Há um capítulo de Sex And The City, talvez um dos maiores responsáveis culturais (não subestime a cultura pop!) por as mulheres serem a principal novidade entre as UDUs, em que Carrie Bradshaw diz às amigas "Estou muito só. Minha solidão é palpável". É claro que há esses dias. Tem dia em que tudo que alguém que mora só quer é um abraço, um cafuné, uma massagem, e nem estou falando de sexo, mas de calor humano.

Por outro lado, sempre acreditei que quem convive bem com a própria companhia nunca está totalmente só. Aliás, começam a acontecer fenômenos interessantes quando você passa um bom tempo solteiro/sozinho. Eu, por exemplo, aprendi a gostar mais de ir ao cinema sozinha. E às vezes a gente só quer se esparramar na cama de casal à vontade.

Mas SATC é muito 2002. Tem uma nova série, "Girls" que fala justamente sobre garotas de 20 e poucos, 20 e tantos que foram para NY querendo viver a vida da Carrie, com sapatos lindos no closet, vernissages e baladas da nata da sociedade e caíram na real dos preços altos, dos apartamentos cheios de problemas nos encanamentos, contas caríssimas.. dividir o ap... Quem tem HBO, fica a dica. Deve ser divertido. Ou não, quem vir, me conte.

Para isto aqui não virar conversa de botequim, e porque afinal sou jornalista, de 2001 a 2009 o número de moçoilas morando sozinhas no Brasil pulou de 2,3 milhões para 3,6 milhões. Mas 2009 já faz bem mais de 3 anos. Esse número provavelmente já passou dos 4 mi. É muita menina brincando de casinha.

No entanto, um ponto nas matérias da Galileu e da Globo News me deixou ruminando... que história é essa de que quem mora sozinho gasta mais em restaurantes, boates, cinema, bares, etc? O que me irrita nessas revistas é que muitos editores traçam um objetivo antes de escrever a matéria e não param para pensar se se encaixa na realidade brasileira de fato.
Pelo menos no Rio, onde morar (acompanhado ou só, mas só ainda mais) está ficando absurdamente caro, isso não faz sentido. Especialmente para jovens profissionais, que também correspondem à maioria desses personagens.

[Um adendo: esses dias comprei o jornal pra ler na praia e fiquei chocada com os preços que os apartamentos da área em que procurei, Tijuca-Glória: já estão muito mais altos que há 12 meses. Hoje é simplesmente impossível achar algo por menos de R$ 1.000,00, condomínio + aluguel].

Ora, se moro com meus pais ou, vá lá, divido um apartamento com amigos, obviamente gasto muito menos. No máximo ajudo com algumas contas na casa dos pais e, com amigos, os valores são divididos por 2, 3, 4... Eis que resolvo morar sozinha. De repente tenho um aluguel, um condomínio, uma conta de gás (Rio), uma conta de telefone fixo (para quem ainda tem.. isso rende outro post), em alguns lugares conta de água... e vou passar a sair MAIS? Oi?
O que deduzo é que esses editores (o repórter muitas vezes só cumpre ordens) vivem no mundo cor-de-rosa das elites carioca e paulista, onde as pessoas compram a casa inteira na Tok & Stok, têm a internet mais rápida, Apple TV e não precisaram de chá de panela, porque papai e mamãe bancaram tudo. Ok, isso existe. Só não acho que seja representativo o suficiente para pautar uma matéria.

[Isso tudo só faz sentido se compararmos singles e pais/mães de família, que com certeza gastam o triplo ou mais por causa dos pequenos].

É claro que com o tempo as coisas melhoram, mas depois de me mudar passei a ir a muito menos lugares meio caros (ainda bem que o Rio tem milhares de coisas baratas/gratuitas de qualidade para se fazer).
E almoçar na rua? Sem estar no horário do expediente?! Olha, essas pessoas devem ser advogadas, médicas, traficantes ou no mínimo ter "pai rico", como diz um amigo meu. Só isso explica. Comer na rua é caríssimo e qualquer UDU sabe que comprar tudo no supermercado e aprender a fazer é a melhor coisa.

Ah, sei lá, eu sempre achei estranha essa história de escrever pra meia dúzia de rico pingado.

PS: Quem ler/ver alguma outra matéria sobre o tema, me passe o link. Sempre estou curiosa para saber como os coleguinhas falam sobre isso.

22.8.12

Um ano de UDU

Caros leitores

Peço desculpa pela demora.
Explico. Fiquei mais de um mês sem internet em casa. Mas o problema já foi resolvido e cá estamos nós.


Nesse meio tempo, no dia 15 de julho fez um ano que assinei o contrato e fiz a maior parte da mudança para meu apartamento. Nunca vou me esquecer desse dia, foi preciso toda uma força-tarefa. Como estava no trabalho e meu chefe já tinha me liberado algumas tardes para cuidar da papelada e ver apartamentos, pedi a minha mãe, que estava de folga no Rio e minha amiga Raquel, que estudava pela manhã e iria morar comigo, para comandarem a mudança. Não foi fácil. O caminhão passou em nada menos que três casas para pegar tudo. As duas cruzaram a cidade algumas vezes para conseguir levar a papelada à imobiliária, pegar as chaves da casa, pegar móveis em duas casas e trazer para cá - detalhe: com horários encaixadíssimos. No fim,eu que acompanhava tudo do escritório, mal acreditava que tinha dado certo. Isso foi em julho, mas só passei a morar, mesmo, em agosto.

No começo, morria de medo de dormir sozinha. Não só medo, havia um estranhamento. Parecia que tinha entrado na casa de estranhos e estava dormindo lá na ausência deles. Eu não sabia nada sobre a vizinhança, a rua, não fazia ideia se era um prédio com histórico de assaltos. Até hoje tranco a porta do meu quarto para dormir, mas nas primeiras noites eu acordava várias vezes. Cada barulho era um susto.
A casa era um deserto, comparada a hoje. No começo, mal havia onde se sentar. Amigos me ajudaram a montar a cama e o armário, um pedreiro que veio ver a infiltração (que se mostrou nos primeiros dias de uso da casa) acabou instalando a mesinha do quarto, um outro instalou o chuveiro. Meio torto, verdade seja dita.
E a cada coisa que pendurava na parede, cada "pano" que amaciava um pouco o visual duro do lugar eu dizia, empolgada "Raquel! Agora sim, tá com cara de casa!" e ela morria de rir. Eu não fazia de propósito, realmente me surpreendia de estar começando a construir minha primeira casinha, meu primeiro lar. Claro que depois isso virou uma sacanagem que servia até pra benjamim e saboneteira.

Mas para além das mudanças físicas e visuais, a casa passou a significar. Precisei ter crise de riso, amar, chorar, brigar ao telefone, abrir um presente, ouvir música alta, fazer música, declarar imposto de renda, beber, ver DVDs, receber visitas, morrer de calor no verão, acordar com câimbra no inverno, fazer meu primeiro risoto de camarão, tentar tirar a rolha de um vinho, não conseguir e empurrar a bicha até o vinho jorrar na parede inteira, ler meus livros na hora em que quisesse, com silêncio... para perceber esses 63m² como casa.

Já tive raiva desse pequeno refúgio tijucano. Por muito tempo houve baratas, em outra época exalava um inexplicável cheiro estranho, a TV não funcionava, toda semana era um problema novo. Hoje, chegar é um alívio. E foi isso que eu sempre busquei morando sozinha.

Non, je ne regrette rien.

Coisas que aprendi morando 1 ano sozinha

- Antigos objetos de desejo, como roupas e sapatos (para mulheres, pelo menos) ficarão em segundo plano. Da noite para o dia, você só tem olhos para almofadas, molduras, pôsteres,  etc, etc, etc.

- Azeite é a melhor coisa para acabar com rangido de filme de terror em portas. É jogar um pouco sobre as dobradiças e o silêncio voltar a reinar. Imediatamente.

- Geladeira/fogão/máquina descascou? Passe um esmalte branco sobre o buraquinho. Esmalte de unhas, mesmo, que se encontra em qualquer farmácia. Isso impede que o buraquinho vire um buracão e enferruje.

-Se você guarda Nutella na geladeira, um banho maria ou um tempinho no micro-ondas transformam a pasta em uma calda de chocolate. Com morango fica ótimo.

- Uma caneta permanente (antiga "caneta de retroprojetor"... para os maiores de 25) preta é incrível para retocar coisas pretas descascadas ou manchadas de tinta, por exemplo.

- Vai fazer obra? Qualquer obra? Lençol sobre tudo que possa ficar cheio de pó. Muito pior que o pó em si, o cheiro pode impregnar por meses.

- A imobiliária só existe para dar moral para o proprietário e te f... mais.

- Um avental bonito melhora o humor na hora de cozinhar e lavar louça. Sério.

- Sua felicidade diária depende de um dispositivo do qual você nem se lembra, e o nome dele é disjuntor.

- Síndico é um representante direto do demônio.

- Síndico E proprietário é o próprio Satã. Especialmente se ele morar no prédio, como o Seu Élvio.

- Fazer bolo, comprar lírios e lavar a roupa, especialmente com sabão líquido, são aromatizantes sensacionais para a casa.

- O apartamento pode estar quase perfeito. Se faltar um azulejo depois da obra do banheiro, é nisso que você vai pensar sempre.


- Música + faxina = lazer

- Faxina + inverno = tortura (via Amélia Sabino)


- Chão liso + faxina = videocassetada

- Você pode não ter internet, TV a cabo e videogame. Mas tenha música. E livros.

- Por que as pessoas falam tanto de trocar lâmpada? É ridículo de fácil.

- Passar lençol de casal com elástico é a tarefa mais inutilmente cansativa que eu não consigo deixar de fazer.

- Não importa se o síndico ou vizinho é um imbecil: trate-o bem. Amanhã você pode precisar dele. Ou simplesmente pode querer que ele não te encha o saco.

O Perdida na UDU está de volta, amigos.


2.7.12

(Não) vem Kafka comigo!

Tenho este blog desde abril e, apesar de anunciar e anunciar, até hoje não falei das famigeradas e famintas baratas.

Quem mora ou já morou numa UDU sabe: elas são inevitáveis. Seja você pobre, classe mé(r)dia, "bem de vida" ou até rico, um dia esse encontro, tão bem cantado pelos Inimigos do Rei, (entregando a idade) acontecerá. Seu prédio pode ser phyno e dedetyzado, mas tudo nessa vida tem prazo de validade, neam, e a dedetização não foge à regra. Como o meu prédio mal tem sinal de TV e celular, vocês podem imaginar que las cucarachas são minhas housemates há quase um ano.
Bom, até junho, quando finalmente consegui extinguir a espécie (pelo menos lá em casa) e já contarei como.


Na casa dos meus pais, raramente havia baratas. Ok, na casa baixa da infância elas eram muitas e me lembro de eu ou alguma irmã esmagando uma, viva, que estava dentro do tênis no armário. E de quando papai abriu a caixa de gordura da casa e uma enxurrada dos insetos asquerosos saiu correndo pelo chão da garagem, lembrando aqueles ataques de escaravelhos de "A múmia". Nunca vou me esquecer daquela cena na aurora da minha vida em algum verão voltarredondense.
Há mais de 10 anos, no entanto, papai descobriu o tal "remedinho" milagroso que afastou o bicho do nosso convívio para sempre.

Por que então eu não usei logo isso? Bom, como já disse por aqui, penso em ter um gato, um dia.  E por ser muito tóxico, esse remédio não pode ser usado quando se tem animais de estimação. Então fui adiando por meses a aplicação. Só que o gato não vinha e as baratas continuavam fazendo a festa. Já cheguei a encontrar duas (das grandes, cascudas) em um mesmo dia.

A cena da mulher com nojo de barata e fazendo escândalo é um clássico super fiel à realidade. Uma vez gritei tanto por causa de uma barata voadora (que veio em minha direção! pense!!), que ouvi os vizinhos interrompendo sua conversa para saber se alguém estava tentando me matar. Tive que começar a gritar "ai que nojo! morre, barata!" para eles ficarem tranquilos.


O que eu não imaginava é que o nojo passaria paulatinamente a ódio, repulsa, sede de vingança.
Encontrar uma barata na casa, de um acontecimento pitoresco e que exige coragem (porque nunca me esquivei de matá-las, sempre encarei as bichas) passou a me irritar profundamente e acabar com o meu humor em segundos.


Lembro que, uma vez, na frente do famoso Mundial do Largo da Segunda-Feira, parei curiosa para ver uma pilha de LPs super antigos, com cara de anos 50, mesmo, encostados ao pé de um poste. Os nomes eram super divertidos (não me lembro exatamente agora porque bloqueei), músicas de "boas vindas", etc, e as capas tinham ilustrações parecidas com os traços de pin-ups, uma graça.
É claro que não ia pegar no lixo alheio, então comecei a "passar" os LPs com os pés, mas eis que, sob os últimos, surge um ninho de baratas.

Me lembro do gosto de fel. Meu sorriso murchou e, puta, continuei andando para casa. Baratas não têm graça. Baratas são um erro de Deus. Sim, Deus errou quando criou as baratas.

Quando percebi que quase sempre as encontrava na cozinha, mesmo tirando sempre o lixo, comecei a fechar todo dia as janelas do cômodo para o prisma do prédio. As grandes, turistas, pararam de chegar. Mas era tarde demais: uma barata havia parido uma ninhada em algum lugar da minha cozinha.

E dessa vez elas eram albinas, pequenas e magrinhas. As famosas "francesinhas". Algumas eram tão pequenas que uma época eu perdi a paciência e o bom senso e esmagava com a mão, mesmo. Sim, é nojento. Viver sozinha revela facetas nossas que nunca imaginamos ter.

Mas acho que o pior foi encontrar duas baratas acasalando no Dia dos Namorados. Não bastassem os outdoors, comerciais e posts no Facebook, cheguei em casa e vi duas baratas namorando. Morreram literalmente no ato. Não é todo mundo que tem o privilégio de morrer assim.

Me lembro de um dia chegar bêbada em casa e dizer "Vocês sempre estão no fogão, né? Beleza. Agora vocês vão ver". E acendi as quatro bocas e o forno, no máximo. Depois de cinco minutos apareceu uma, desnorteada. Paf. Depois de 10, várias. Depois de 15, as últimas, mais resistentes. Se sobrou alguma, é daquelas que resistem à bomba atômica. Fui dormir realizada. Acho que naquela noite, nem se tivesse ficado com um gatinho no bar dormiria tão feliz.

Mas é claro que outras vieram, até o dia em que acordei determinada a me livrar das baratas. Como?

ASSIM.
E se você tem baratas em casa, caro leitor, cara leitora, esse é o melhor conselho que posso lhe dar.  K-Othrine. Encontra-se em qualquer pet shop de bairro. Custa em média R$ 9 e vai salvar sua vida.

É hoje o dia da alegria

Antes de mais nada, K-Othrine é um veneno, então use luvas. Pode ser a que você usa para fazer faxina (a de lavar louça, não!) ou aquelas de médico, de pintar os cabelos, etc. Qualquer coisa que te separe do líquido branco mágico.

Usando as medidas da bula, você vai diluir uma parte do líquido em outra bem maior de água. Se conseguir encontrar uma seringa  (para usar sem agulha) grande, onde caiba bastante líquido, beleza. Eu procurei e só achei seringa fininha mesmo, teria que ficar "recarregando" toda hora. 
Então peguei uma garrafinha dessas de água mineral, comum, fiz um furo com garfo na tampa e pronto: tinha uma seringa improvisada. 

Depois de diluir o veneno, é hora de esguichar o líquido ao longo do rodapé da casa inteira. Todos os cômodos, sem dó. É bom aproveitar um dia de faxina, quando vai estar tudo limpinho e sequinho. Se tiver um borrifador que possa inutilizar (não vai pegar o das plantas ou de passar roupa, né?), borrife onde as malditas costumam andar: fogão, paredes, geladeira, etc. Não use esses recipientes para mais nada.

Em poucos dias você só encontrará carcaças, imóveis. E nada se compara a essa sensação


A duração do efeito varia, mas depois de seis meses é bom reaplicar.
Hoje minha casa é livre de baratas. O gato pode esperar um pouco mais.

PS: se você tem bichos ou crianças em casa, fuja do K-Othrine.